quinta-feira, 28 de março de 2013

Privatização dos presídios faz o crime compensar


Já faz tempo o Brasil tem constatado um enorme crescimento de sua população carcerária, a quarta no mundo.

Desde a vigência da Lei dos Crimes Hediondos, o número de presos praticamente dobrou no país e vem se expandindo com a última legislação de entorpecentes.

O aumento expressivo desta massa carcerária em nada diminuiu os índices da criminalidade, mas agora pode representar um negócio altamente lucrativo para alguns, o encarceramento privado.
Vendido como o padrão inglês, de grande eficiência e alta tecnologia, a penitenciária mineira de Ribeirão das Neves inaugura este equívoco institucional.

O Estado não vai deixar de pagar para custear os presos. Os empresários é que vão passar a ganhar com as prisões, em valor por condenado –um estímulo e tanto para que elas continuem sempre crescendo. Trocaremos, enfim, salários por lucros.

O que está em questão não é apenas o esvaziamento do Estado em uma de suas mais importantes funções, mas também a ideia desvirtuada de que o crime compensa, ainda que para o carcereiro.

Não podemos criar um mercado que dependa das prisões, sob pena de acabarmos nós mesmos na dependência delas.


A divulgação da parceria enfatizou que a empresa não lucrará com o trabalho dos presos, regra dispensável diante da disciplina contrária da lei federal. Mas mencionou que a própria contratada seria responsável por fornecer assistência jurídica aos detentos –um evidente conflito de interesses, que colide ainda com a competência constitucional da Defensoria Pública.

A execução da pena é tarefa estatal, na qual tomam parte inúmeros agentes públicos e deve ser obrigatoriamente supervisionada pelo Judiciário. Presos não são objetos contratuais, mas sujeitos de direitos –ainda que boa parte destes, verdade seja dita, continuem desrespeitados. Não há porque supor que serão mais respeitados pelo mercado.

O caráter público da prisão, do julgamento e da aplicação da pena são princípios básicos da constituição de nosso Estado. São tarefas indelegáveis, que não se transmitem por contratos ou subempreitadas –como caçadores de recompensas ou oficiais privados de condicional de Estados norte-americanos.

A depreciação de importantes serviços públicos ao longo de décadas de abandono abriram espaços ocupados pela iniciativa privada, especialmente nos casos da educação e na saúde, que acabou entregue ao mercado das seguradoras.

As fissuras na previdência pública vitaminaram recentemente o mercado para as instituições financeiras.

Mas há limites aos quais não se deve ultrapassar, sob pena de se perder por completo a noção de Estado, como já se abala com a progressiva privatização dos serviços de segurança.

Que faremos em sequência, contrataremos mercenários para garantir as fronteiras?

Insegurança Pública: Preso flagranteado foge algemado de viatura da Polícia Civil


Gleydison Meireles, da redação do ac24horas

A crise que tomou conta do sistema de segurança pública do Estado parece não ter fim. Na madrugada de quarta para esta quinta-feira (28), o preso “flagranteado” por furto, Rafael Pereira Filho conseguiu fugir de dentro de uma viatura da Polícia Civil, algemado.
O caso aconteceu após o preso sair da delegacia, algemado, acompanhado de apenas um agente para ser feita a comunicação de sua prisão a familiares e para certificar o endereço. Durante o trajeto até a casa do acusado, Rafael Pereira conseguiu puxar o freio de mão da viatura, quase causando o capotamento do veículo e depois conseguiu abrir a porta da viatura e fugir.
A comunicação de prisão aos familiares é um direito constitucional garantido ao todo e qualquer cidadão preso. De acordo com informações repassadas a reportagem de ac24horas por agentes de polícia que por motivos óbvios pediram para não serem identificados, a fuga de Rafael Pereira é resultado da falta de estrutura da Polícia Civil.
“Somente no período noturno de quarta-feira (27) houveram cerca de cinco flagrantes e pelo menos outras duas dezenas de casos de pequeno vulto, mas que geram uma demanda muito grande de acusados recolhidos as celas da Defla, por conta disso não há como disponibilizar dois ou três agentes para fazer esse serviço de comunicação aos familiares dos presos. Ontem o agente para não ver o trabalho da Defla atravancar por conta dessa falta de estrutura expôs sua vida em risco, saiu sozinho com um preso e agora certamente vai ser levado a corregedoria por conta dessa fuga”, disse o agente.
A Delegacia Central de Flagrantes (Defla) está atendendo apenas na 1ª Regional (Cadeia Velha), e em 25 dias de funcionamento já foram realizados 108 flagrantes  e mais de 400 procedimentos realizados (TCO), o que dá uma média de quatro flagrantes por hora.
“Trabalhamos aqui no limite, apesar de nossos gestores negarem publicamente que não há crise dentro da Polícia Civil essa crise existe e está minando a segurança pública acreana. Falta gasolina, falta copos descartáveis e muitas vezes até papel higiênico, isso é um absurdo”, desabafou o policial.
A reportagem procurou entrar em contato com a Polícia Civil por meio de sua assessoria de imprensa, mas todas as ligações para o telefone do assessor da PC foram desviadas para a caixa postal.

sábado, 23 de março de 2013

‘Mentalidade criminosa’


Para Matti Joutsen, do Heuni, é possível que o aumento no número de prisioneiros provoque um aumento na violência. “Os prisioneiros são geralmente soltos na sociedade após alguns anos, e se não há tentativas efetivas de reabilitá-los e de prepará-los para a soltura, eles estarão em sua maioria mais propensos a cometer novos crimes”, afirma.
“Afinal de contas, por cortesia do governo, eles acabaram de passar os últimos anos entre um grande número de criminosos, formando novas alianças, aprendendo novas técnicas criminosas, conhecendo novas oportunidades criminais e formando sua ‘mentalidade criminosa’”, argumenta.
Para ele, “quando os criminosos são soltos de volta para as favelas de São Paulo, do Rio de Janeiro ou de qualquer outro lugar sem um trabalho, sem uma casa e com perspectivas muito ruins, é muito provável que adotem novamente um estilo de vida criminoso”, diz.
Joutsen observa que a superlotação e as condições precárias do sistema prisional brasileiro tornam “praticamente impossível” a implementação de qualquer programa de larga escala para promover a ressocialização dos presos.
“Como você ensina uma profissão a uma pessoa, provê educação básica, promove valores básicos e prepara ela para voltar à comunidade em liberdade, pronta para encontrar um emprego, estabelecer uma família, encontrar uma casa e se adequar à sociedade quando o governo já tem restrições em seus gastos e não há aparentemente vontade política de gastar os recursos limitados com os prisioneiros?”, questiona.
Para José de Jesus Filho, da Pastoral Carcerária, falta ao governo um plano para reintegração social dos presos. “No final do ano passado, o governo anunciou um plano de US$ 1,1 bilhão para a construção de 42,5 mil novas vagas em presídios, mas não alocou nem um centavo para a ressocialização dos presos”, critica.
“O que existem são apenas projetos-piloto, sem a dimensão necessária. Não é uma política universal do Estado”, afirma.
Para ele, a função do encarceramento em ressocializar o criminoso está sendo deixada de lado, e as prisões no país “são vistas mais como meio de vingança da sociedade e de isolamento das populações mais marginalizadas”.
O diretor do Depen afirma que o governo brasileiro “reconhece seus problemas e vem se esforçando por uma política criminal correta, que gere segurança para as pessoas e ajude a ressocializar os presos”. “Estamos constantemente em busca de soluções”, afirma.

Maiores populações carcerárias

FONTES: WORLD PRISON BRIEF / MINISTÉRIO DA JUSTIÇA DO BRASIL
PaísNº total de presosPresos por 100 mil habitantesTaxa de ocupação nas prisões
1EUA2.266.832730106%
2China1.640.000121n/d
3Rússia708.30049591%
4Brasil514.582288184%
5Índia372.29630112%
6Irã250.000333294%
7Tailândia244.715349195%
8México238.269206126%
9África do Sul156.659307132%
10Ucrânia151.13733497%

sexta-feira, 15 de março de 2013

Média de assassinatos cresce no Brasil


Em dez anos, o Estatuto do Desarmamento fez com que os brasileiros abrissem mão de mais de meio milhão de armas de fogo. No entanto, isso não significou redução da violência, pelo contrário. Morre mais gente a tiros no Brasil do que em zonas de guerra.
O Brasil tem hoje uma das leis mais restritivas do mundo para se ter ou portar um revólver ou pistola. Mesmo assim, a média de assassinatos por armas de fogo no país vem crescendo.
Em 2003 o Governo Federal instituiu o Estatuto do Desarmamento. De lá para cá, os brasileiros entregaram mais de meio milhão de armas.
Nos oito anos anteriores ao desarmamento, mais de 250 mil pessoas foram assassinadas a tiros. Entre 2003 e 2010 este número ultrapassou os 300 mil. 
No Brasil morrem mais pessoas baleadas do que em grandes conflitos armados no mundo. Em 2010 foram quase 39 mil. Na guerra contra as Farc, uma média de 1.250 pessoas eram assassinadas na Colômbia por ano. E no conflito Israel/Palestina, a média é de 2.358 pessoas. 
Estima-se que as principais fontes de fornecimento de armas no Brasil são o contrabando e os roubos em empresas de segurança.
Fonte: http://www.band.uol.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=100000582691

quinta-feira, 14 de março de 2013

quinta-feira, 7 de março de 2013

Rejeitada extensão de porte de arma para peritos criminais


Simone Franco
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) rejeitou, nesta quarta-feira (6), projeto de lei do Senado (PLS 199/2006) que autorizava a extensão do porte de arma para peritos criminais e de medicina legal e papiloscopistas que atuam nos Institutos de Criminalística, de Identificação e de Medicina Legal. A matéria havia recebido parecer pela aprovação do relator, senador Luiz Henrique (PMDB-SC), e pretendia alterar a Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento), que regula o registro, a posse e a comercialização de armas de fogo e munição no país.
O primeiro senador a se manifestar contra o PLS 199/2006 foi o senador Humberto Costa (PT-PE), autor de um projeto que estendia o porte de arma para os agentes penitenciários. Segundo recordou, a matéria foi aprovada pelo Congresso em 2012 com a ampliação da medida para outras categorias e acabou sendo parcialmente vetada pela presidente Dilma Rousseff.
- Do ponto de vista procedimental, seria mais lógico votar o veto, derrubá-lo e garantir o projeto que já foi amplamente discutido. Caberia a discussão se outras categorias colocadas deveriam ser, de fato, contempladas - argumentou Humberto Costa.
Em seguida, os senadores Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) se disseram contrários por considerar uma "temeridade" a sucessiva expansão do porte de arma restringido pelo Estatuto do Desarmamento.
-A arma deve ser de uso privativo das forças de segurança e das Forças Armadas - afirmou Randolfe.
Como os peritos criminais e papiloscopistas costumam trabalhar em companhia de policiais armados, os senadores Ataídes Oliveira (PSDB-TO) e Pedro Taques (PDT-MT) julgaram desnecessária a autorização de porte para estas categorias. O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) também apresentou reservas ao PLS 199/2011.
Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

domingo, 3 de março de 2013

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Grupo de Intervenção Rápida (GIR) do Sistema Penitenciário São Paulo


O Grupo de Intervenção Rápida (GIR) é uma força especial que atua nas penitenciárias paulistas.
O grupo foi criado em 2001 pelo então diretor do Centro de Detenção Provisória de Sorocaba, Dr. Márcio Coutinho.

É um grupo formado por integrantes do quadro da Secretaria de Administração Penitenciária do Governo do Estado de São Paulo e que atua nos presídios paulistas. Criado em 2001, no âmbito da SAP, esses servidores são pré-selecionados e passam por treinamentos semelhante aos das polícias da tropa de choque. Tem como função agir em caso de motins, rebeliões ou em apoio aos demais agentes em revistas em presídios.

Este grupo possui equipamentos de proteção balística e de munições não-letais, bombas de efeito moral e armas com bala de borracha, bem como treinamento específico para a ações a que são designados.

O grupo, com a colaboração da Escola de Administração Penitenciária, participou de vários cursos como Entradas Explosivas e Táticas, Combate em Ambiente Fechado e Resgate de Reféns de Alto Risco na TEES Brazil em Curitiba no Estado do Paraná, Gerenciamento de Crises e Negociação na Polícia Militar do Estado de São Paulo - PMESP e Explosivos não convencionais na Indústria de Material Bélico do Brasil - IMBEL.

O GIR também teve atuação importante colaborando com a antiga Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor, FEBEM, com a tarefa de conter a série de rebeliões e fugas de internos na instituição.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Projeto aumenta pena para quem matar agentes da área da segurança publica

Alexandre Leite: medida é uma reação à escalada de violência contra os agentes da segurança.


Tramita na Câmara o Projeto de Lei 4629/12, do deputado Alexandre Leite (DEM-SP), que prevê pena de até 30 anos de reclusão para quem matar agentes públicos da área de segurança, como policiais, agentes penitenciários, oficiais de justiça, bombeiros militares, guardas civis, promotores e juízes.
Atualmente, o crime de homicídio é punido pelo Código Penal com pena de reclusão de 6 a 20 anos.
“Os meios de comunicação têm mostrado a escalada da violência contra os funcionários públicos da segurança. A Nação tornou-se refém dos criminosos, de delinquentes, e o cidadão esconde-se, atemorizado, ameaçado, diminuído”, diz o deputado.
Conforme o projeto, cometer atentado contra qualquer autoridade da segurança pública, bem como contra repartição da área de segurança pública, é um crime punível com reclusão de 4 a 8 anos. Se o atentado resultar em morte de agente público, a pena passa a ser de reclusão de 15 a 30 anos.
Na mesma pena incorre quem cometer atentado contra o cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau de agente de segurança pública.
Tramitação
O projeto tramita em conjunto com o PL 3131/08, que será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) e pelo Plenário.