Andrey Ricardo - JORNAL DE FATO
Mossoró - Em quatro anos de existência, o Sistema Penitenciário Federal (SPF) enfrentou ontem sua primeira crise e o palco foi o Presídio Federal de Mossoró. Uma agente penitenciária federal foi feita refém por um preso de Justiça, que conseguiu rendê-la e roubar-lhe a arma. O preso fez uma série de exigências – algumas delas surreais –, mas as negociações só foram encerradas às 18h de ontem, quando a vítima foi liberada.
O preso que protagonizou o primeiro incidente do Sistema Penitenciário Federal é Leandro Felipe Leocádio, condenado por assalto em Areia Branca, a sete anos e quatro meses, e por furto em Macau, onde foi condenado a dois anos de prisão. Ele é interno do Complexo Penal Agrícola Doutor Mário Negócio, situado ao lado do Presídio Federal. Há poucos meses, Leandro começou a prestar serviços no Presídio Federal na área da limpeza – como forma de ressocialização, já que recentemente ganhou o direito de progressão de regime, passando do fechado ao semiaberto.
De acordo com o delegado federal Kércio Silva Pinto, diretor da unidade federal de Mossoró, a agente penitenciária – nome não informado – foi feita refém por volta das 10h de ontem, quando o preso, que tinha acesso “livre” à parte da frente da unidade – administrativo e atrás ficam as celas – subiu em uma das guaritas. Ela foi pega de surpresa pelo preso, que a rendeu e roubou uma pistola calibre P40. A partir de então começou uma longa negociação. A princípio, as autoridades evitaram confirmar que havia uma agente refém e bloquearam a entrada de qualquer veículo na prisão.
Por volta das 13h de ontem, uma equipe de três agentes e um delegado da Polícia Federal de Brasília (DF), todos especialistas nesse tipo de situação, desembarcou no Aeroporto Dix-Sept Rosado. A partir daí, as negociações com o preso foram feitas com essa equipe, que assumiu o controle da situação.
A princípio, Felipe pediu a presença de familiares e disse que só se renderia com a chegada deles. Por volta das 14h, uma equipe da Polícia Militar chegou ao Presídio Federal com o pai e mais dois familiares. Porém, o problema não foi resolvido porque ele fez uma nova exigência, essa ainda mais complicada: queria ver a filha que tem menos de dois anos e mora em Areia Branca com a mãe. “Olha, os policiais até foram à casa dela, mas ela está irredutível e não vem de maneira alguma. E ele diz que só sai depois que ver a criança”, esclareceu Carlos Santana, advogado do detento.
As negociações foram encerradas por volta das 18h de ontem, quando o interno resolveu se entregar e liberar a agente penitenciária federal. “Nós iniciamos com o delegado da Polícia Federal, que tem curso em gerenciamento de crises. Ele veio nos ajudar e aproximadamente, das 12h até agora (19h), houve o desfecho e graças a Deus tudo ocorreu bem”, destacou Kércio.