domingo, 18 de dezembro de 2011

Festa no presídio: Presos tentam minimizar o ‘sofrimento’; agentes tentam cumprir a lei

Muitas vezes, os próprios familiares contribuem com a engenharia química dos apenados. E a ‘ressocialização’?



Banana, laranja, maçã. Que males podem causar produtos tão naturais? O que você pensaria de agentes penitenciários cruéis que não deixam entrar frutas para os presos?

Vez por outra, garrafas como esta da foto são encontradas por agentes penitenciários dentro dos pavilhões e/ou nas áreas de banho de sol (depende da estrutura de cada unidade prisional). 

Para explicamos melhor a malandragem, respondamos as seis perguntas básicas do jornalismo:

O quê?
Garrafas tipo ‘pet’, com água e frutas diversas. Dependendo do gosto do bebarrão, um pouco de açúcar para o produto descer redondo.

Quem?
Geralmente, os familiares que visitam os detentos são quem levam as frutas, em dias de visita. É claro que a imensa maioria tem (ou deve ter) o intuito de alimentar seu ente detido, e não de deixá-lo embriagado na prisão. Sabe-se, porém, que muitos outros aproveitam a oportunidade para afastar mais ainda os presos de algo que se convencionou chamar ‘ressocialização’.

Quando?
A bebedeira não tem hora para começar. Mas o mais comum é que a festa ocorra durante o horário de visita, pois é o momento em que os agentes nunca vão aos pavilhões, por uma questão de ‘respeito’. Quando os visitantes saem do presídio é que os agentes se dirigem às celas, para fazer a eterna e diária contagem dos encarcerados. Um a um.
Onde?
Como dissemos, tudo depende da estrutura dos presídios. E já que a grande maioria das nossas unidades penais foi construída quando ainda sentíamos o cheiro da pólvora usada na Segunda Guerra Mundial, os presos bebarrões sempre encontram uma parede fofa e um chão mole para enterrar o aperitivo. É preciso muito trabalho para achar o produto (ele não fica exposto em prateleira...)

Como?
O processo de fabricação dura em torno de seis ou sete dias. É só misturar os ingredientes e deixar o tempo passar. A fermentação se encarrega do resto. E acredite: essa ‘ciência’ funciona! Há relatos de que uma garrafa dessa simplesmente ‘explodiu’, enterrada no chão, no momento em que os agentes faziam uma revista nas celas. Nesse dia não deu tempo tomar a ‘saideira’.

Por quê?
Cumprir pena no Brasil, realmente, não é tarefa fácil. A estrutura é péssima, as acomodações estão lotadas, as doenças contagiosas são sempre uma constante (vida pior do que essa só a do filho que nunca mais vai ter o abraço do pai, morto num assalto qualquer...).

Por isso, para aliviar o sofrimento das prisões, alguns presos brasileiros dão um jeito de alterar o estado de consciência e esquecer, pelo menos por um instante, que estão atrás das grades.

Só não podem esquecer que, assim como matar e roubar, beber em presido também é proibido.
E os agentes estão de olho.

Fonte: ParaibaemQAP

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