terça-feira, 14 de junho de 2011

Agente Penitenciário: Profissional coberto de preconceito e insegurança

Eles fazem a guarda dos presídios estaduais. São conhecidos também como carcereiros. São os profissionais responsáveis pela manutenção da ordem nas casas de correção de todo o país.

Envoltos em denúncias de toda espécie, são os principais suspeitos quando localizam drogas nos presídios ou acontece alguma fuga.

Mas estes homens e mulheres que trabalham em média 12 horas por dia dentro das penitenciárias têm outra visão de sua profissão. Inglória seria o adjetivo mais simples para classificar a imagem que os profissionais têm de sua carreira.

Durante conversa com o site Banzeiro, os agentes pediram para não ser identificados, mas relataram situações que expressam certo desânimo.

Segundo dados divulgados no Anuário 2010 do Ministério da Justiça, em 2009 o Acre possuía 3.421 presos no sistema penitenciário de todo o Estado. Como este número apresenta apenas índice crescente, estima-se que atualmente mais de quatro mil homens e mulheres estejam sob a guarda do Estado, sendo que 95% deste total é de detentos do sexo masculino, em sua grande maioria, condenados por homicídios ou tráfico de drogas. Em poucas palavras, pessoas de alta periculosidade, com as quais os agentes penitenciários lidam diariamente frente-a-frente.

 “Cobram muito da gente, mas só quem convive ali para ter idéia do que é um presídio. Nós trabalhamos com pessoas muito violentas, com as quais temos que tratar com muito cuidado, afinal, com as leis que temos em nosso país, mais dia menos dia estes homens estão na rua, e sabe-se lá o que podem fazer com um parente nosso”, desabafa  Mário (nome fictício).
Questionados sobre a entrada de drogas e celulares no presídio Francisco de Oliveira Conde, os agentes passaram informações que chegam a chocar qualquer cidadão.

De acordo com eles, semanalmente, durante a visita íntima, entram no presídio cerca de 15 quilos de drogas, através das esposas e namoradas. E como isto acontece? Questionamos de imediato e a resposta surpreende.

“Estas mulheres que conseguem entrar com a droga, sem o flagrante da revista, aprenderam uma ginástica que faz com que consigam reter os pacotes de drogas em suas partes íntimas”, diz outro agente. A ginástica a que ele se refere é o pompoarismo,  técnica para movimentar a musculatura pélvica e com isso garantir uma maior resistência dos genitais.
Pesquisa realizada informalmente pelos agentes indica que 30% das mulheres que realizam visita íntima toda quarta-feira aos detentos, conseguem entregar drogas ao parceiro. “Nós realizamos a revista, mas é visualmente. Se ao agachar a gente não perceber nada, a mulher entra tranquilamente”, informa outro agente.
De acordo com os agentes, atualmente trabalham com um detector de metais e seria necessário, pelo menos, um aparelho raio-x para uma melhor fiscalização de acesso à penal.

 “Como em toda profissão, há aqueles que zelam pelo nome da categoria e outros que nem tanto. E justamente por causa destes que sujam o nome da nossa profissão é que somos mal vistos até pelos policiais militares. E nós trabalhamos como todo cidadão. A diferença é que o risco que corremos de nos tornar reféns durante uma rebelião é maior que para qualquer outra pessoa”, diz Antonio (nome fictício).

Segundo os agentes que conversaram como nossa reportagem, na última sexta-feira, 10, foi o dia do Agente Penitenciário. Data que passou sem qualquer registro das autoridades de segurança. Nenhuma homenagem, café da manhã ou outra solenidade. Um gesto simples, que faria diferença a homens e mulheres que vivem sob constante risco de vida.
 
Banzeiro
Foto: arquivo

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