A família do ex-presidente do PT José
Genoino está inconformada com o tratamento que o réu condenado no
julgamento do mensalão vem recebendo dentro do Complexo Penitenciário da
Papuda, em Brasília, onde está preso desde o último sábado (16).
Filha e mulher de Genoino
alegam que a lei que deveria ser aplicada a ele, de regime semiaberto,
não é cumprida. Segundo elas, o petista recebeu o tratamento destinado
apenas para criminosos de alta periculosidade, como a revista sem roupas
feita por agentes penitenciários e a obrigatoriedade de usar uniforme
carcerário.
“Meu pai passou todo esse
tempo bebendo água de torneira”, revelou Miruna, filha do ex-presidente
do PT, durante entrevista à jornalista Hylda Cavalcanti, no programa
Correio Debate da 98 FM Rede Correio. Segundo ela, Genoino só passou a
receber água mineral depois dos apelos do ex-ministro José Dirceu e do
ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, aos agentes na madrugada desse
domingo (19). Eles também foram condenados e presos.
Nesta terça-feira (19), todos
foram transferidos da área destinada aos que cumprem regime fechado para
o local dedicado aos presos do semiaberto, no Centro de Internamento e
Reeducação do Complexo.
A preocupação da família é com
a saúde de Genoino, que passou por uma cirurgia no último mês de julho
para resolver problemas cardíacos e precisa tomar várias medicações para
se recuperar, além da recomendação médica de fazer exercícios físicos e
fonaudiológicos todos os dias. "Neste momento, a família não está
falando mais no julgamento, a nossa bandeira agora é a saúde do meu pai.
Ele só tinha 10% de chance de sobreviver, mas conseguiu vencer com
muita dificuldade. Foi quase um mês internado no hospital e contou com
todo nosso apoio para a recuperação", relatou Miruna.
A mulher de Genoino, Rioco
Kayano, reclama porque o marido está submetido às regras do regime
prisional fechado, como não poder receber visitas sem horários
determinados durante o dia. "Não nos conformamos com o fato de Genoino,
Delúbio e Dirceu terem sido condenados em regime semiaberto e colocados
nesse lugar por uma série de atropelos, submetidos a todas as regras
(...) Eles deveriam ter direito a todas as regras de um regime
semiaberto, como receber visita durante o dia em qualquer horário",
disse. Genoino só recebeu visita da mulher e dos dois filhos nessa
segunda-feira (18).
Segundo Kayano, o marido teve
que ficar mais de quatro horas em pé no dia em que foi preso e reclama
que "eles chegaram às 22h e foram dormir às 2h da madrugada, porque
todos os objetos teriam que ser catalogados; receberam uniformes de
carcerários e foram revistados sem roupas. Eles não têm o perfil dos
traficantes, de pessoas perigosas do PCC, mas foram submetidos à mesma
forma de tratamento".
Para Miruna, "não existiu
qualquer preparação e preocupação com a saúde" de Genoino. Ela chegou
classificar o tratamento recebido pelo pai como "o pior do que aquele
vivido na época da ditadura, quando, ao menos os presos podiam receber
cartas".
Fonte: Uol
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