domingo, 12 de dezembro de 2010

Agentes penitenciários recebem treinamento para uso de armas não letais

Duzentos agentes penitenciários, dos 880 que atuam nos presídios acreanos, estão desde o dia 29 de novembro, recebendo capacitação para utilizar armamento não letal dentro das unidades de segurança prisional.

As atividades estão sendo realizadas nas cidades de Rio Branco, Sena Madureira, Tarauacá/Feijó (unificado) e Cruzeiro do Sul, e devem ser encerradas no próximo dia 14, quando os agentes passarão por uma prova teórica para certificar a qualificação.

A iniciativa é promovida pela Escola de Administração Penitenciária, através de uma parceria entre o Governo do Estado, representado pelo Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen/AC), e o Ministério da Justiça, representado pelo Departamento Penitenciário Nacional.

O curso é ministrado por instrutores lotados no quadro Departamento Penitenciário Nacional, vindos dos estados do Rio de Janeiro (Serviço de Operações Especiais), de São Paulo (Grupo de Intervenção Rápida) e do Rio Grande do Sul (Academia de Polícia Civil), todos com mais de 20 anos de experiência e formação em cursos internacionais realizados em países como Israel e Estados Unidos.
De acordo com Cristiano Cancian, coordenador da Escola de Administração Penitenciária, a formação tem como objetivo dar aos agentes noções de técnicas menos letais em casos que necessitem do uso escalonado da força.

– Eles estão sendo instruídos para se tornarem aptos a utilizarem agentes químicos, explosivos de efeito moral e munições de elastômero (balas de borracha). São alternativas para auxiliar em situações em que haja necessidade de uso de força e para evitar a utilização inadequada desses equipamentos. Cremos também que é uma forma de humanizar a relação entre agentes e reeducandos, uma vez que os servidores recebem orientações de abordagem e de relação com os detentos – destacou.

Cristiano disse que o interesse dos agentes pelo curso foi intenso, por isso foi necessário um processo de seleção para inscrição dos participantes.

– Infelizmente não podemos oferecer o curso para todos os agentes neste momento. Mas a ideia é promovermos capacitações contínuas durante todo o ano, inclusive para o pessoal administrativo – enfatizou.

O instrutor Antônio Risso, policial civil do Rio Grande do Sul e ex-sargento da Brigada Militar, afirmou que a formação vai possibilitar a minimização de problemas dentro dos presídios na relação entre agentes e reeducandos.

– É provável a diminuição de riscos em situação de conflitos, bem como de lesões tanto de agentes como dos reeducandos. Estamos oferecendo aulas de defesa pessoal, algemação e dicas para humanizar o uso da força prisional, possibilitando uma maior tranquilidade aos agentes durante a jornada de trabalho. Com essa qualificação eles estarão capacitados para operar sprays de pimenta, de espuma de pimenta, de gel de pimenta, granadas identificadoras, granadas de luz e som e de pimenta. Além disso, cada um recebeu um manual de instruções com todas as orientações teorias necessárias para esse tipo de atividade – explicou.
Agentes acreditam em melhor relação com reeducandos

Na opinião de alguns dos agentes penitenciários que participam da qualificação, o curso é uma oportunidade de grande importância para a categoria, pois diariamente os profissionais que atuam em contato direto com os reeducandos passam por situações conflituosas e de risco.

– Essa atividade com certeza vai nos deixar mais tranquilos para agir. Todos os dias fazemos gerenciamentos de crises dentro do presídio, temos alguma situação conflituosa para resolver. É um curso completo, que trata desde defesa pessoal a noção de Direito e elaboração de relatórios. Além de ser ministrado por profissionais altamente capacitados – analisou Stênio de Oliveira, que atua a um ano na função.

Segundo o agente Wayne Alves, há dois anos no cargo, a iniciativa vai contribuir para que os servidores aprendam especificidades de lidar com os reeducandos, indicando o momento oportuno para o uso dos equipamentos não letais.

– É importante porque vivemos em meios a crises dentro das unidades, inclusive, em alguns casos, sendo alvos dos reeducandos. Aqui estamos recebendo orientação de como estabilizar situações apenas com uma conversa quando possível. Com essa prática acredito que poderemos tomar a frente em intervenções que só seriam realizadas com a presença da Polícia Militar. Eu, por exemplo, já passei por ocasião em que alguns agentes foram feitos reféns e houve necessidade da ação policial. Também vejo este curso como um recurso para facilitar a relação com os reeducandos, pois a confiança deles é fundamental para a manutenção de uma boa convivência. Se não há confiança a relação fica impossível – comentou.
Já o agente Francisco Evangelista avalia que a capacitação visa oferecer melhor qualidade de serviço a população.

– O principal objetivo é a verbalização. Não diferente da Polícia Militar e da Polícia Civil, estamos recebendo qualificação para poder levar mais segurança e confiança a sociedade. Sabemos que o uso de maneira imprópria desses equipamentos pode causar sérios problemas, por isso temos nos empenhado a cada dia nessa atividade. Inclusive, temos agentes que tiram dinheiro do próprio bolso para buscar capacitação fora do Estado – disse.
















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