EDITORIAL
Recebi um papel de meu cunhado na noite desta quinta-feira, dia 18, passado por e-mail para ele que imprimiu e me mostrou. Confesso que, nestes 22 anos de profissão no meio jornalístico, nunca havia me atentado para isso.
Fiquei surpreso de início, depois fiquei revoltado, indignado e mais um monte de coisas, até xinguei alguns políticos em pensamento. No papel, tem o titulo “O MAIOR DOS ABSURDOS”, onde mostra realmente, talvez, um dos maiores que até hoje visto por mim nestes anos todos de profissão.
Já vi de tudo um pouco: mortes por arma de fogo e brancas, atropelamentos onde a vítima ficou irreconhecível, acidentes, pessoas sendo atingidas por tiros do meu lado, outras agonizando em sangue, além da tristeza de ver pais chorando em ver seu filho que foi estuprado, morto e esquartejado.
Mas, nada me indignou tanto em ver o que estava impresso no papel que está sob minha mesa. Fala sobre o “AUXÍLIO RECLUSÃO”, regulado pela Lei n.8.213, de 24 de junho de 1991, onde todo presidiário tem direito em requerer do Governo Federal pago pela Previdência Social.
De início até não acreditei muito, mas, fui pesquisar no sitio da Previdência, que de cara, tem o banner dizendo: “Previdência Social, Proteção para o trabalhador e sua família”. E pensar que falta 38 anos para me aposentar e vou precisar um dia.
Trabalho em média, cerca de 10 horas por dia, as vezes mais pelo fato de não ter profissionais disponíveis em minha cidade, daí, tenho que virar sozinho. Isso para manter os meus leitores a par de quase tudo que acontece na fronteira do Acre.
Olhando lá, no sitio da Previdência, confirmo tudo o que está escrito na Portaria nº 350, de 30/12/2009, que a partir do dia primeiro deste ano, a pessoa que trabalhou e recolhia para o Órgão, tem o direito de requerer uma ‘bolsa’ no valor de R$ 798,30 (setecentos e noventa e oito reais e trinta centavos), caso tenha dependentes.
Mas, deixam claro ainda que, não podem ser aposentados, gozar de auxílio-doença, abonos e mais algumas coisas. Tem que ter carteira assinada e tudo mais para ter o beneficio, não pensem que é bagunçado assim.
Sarcasmo a parte, se um dia um cidadão resolve tirar uma vida, deixando vários órfãos da vítima, está tranqüilo. Sabe que os seus estarão protegidos pelo Governo Federal enquanto paga sua pena perante a sociedade. Portanto, dane-se os do morto.
Além disso, terá três refeições, dia de sol, direito a visita íntima, aprenderá a ser marginal por culpa do sistema penitenciário, e, talvez sair pior ainda. Os casos de recuperação, são uma raridade hoje em dia.
Tenho um casal de filhos, um está ingressando na faculdade neste ano e a menor ainda está aprendendo as primeiras palavras. Como sou independente, será que meus filhos serão assegurados pelo Governo caso aconteça algo comigo? Tenho certeza que a única coisa que minha esposa irá receber, será o minguado salário mínimo que é abaixo do que o presidiário irá receber.
Não sei de quem foi a idéia, qual político ou quem quer que seja. Deixo aqui a minha indignação de TRABALHADOR, que paga horrendos impostos desde a esfera Federal até Municipal, contra essa ‘bolsa’ que estimula o crime nesse País.
O engraçado nisso? Nunca vi um defensor de direitos humanos defendendo uma bolsa para os filhos das vítimas. Imagina você, que trabalha 30 dias no mês para ganhar pouco mais de R$ 500,00 e se desdobra para manter sua família?
Além de você viver recluso dentro de sua casa cercada por grades, os filhos do sujeito que foi morto pelo “coitadinho” que está preso, não irão receber os R$ 798,30. Pode ter certeza.
Será que valeu a pena perder noites de sono estudando e hoje trabalhando? Será que valeu você concorrer com centenas de pessoas num concurso público e ter uma estabilidade no trabalho?
Termino esse texto às 23h00 (horário local) desta sexta-feira, dia 19, depois de acordar às 07h30, pensando nos quase R$ 700,00 que terei de pagar e poder ter as certidões de minha empresa em dia na segunda-feira, dia 22.
Enquanto isso, um “coitadinho” que tirou uma vida e garantiu a ‘bolsa’ para seus dependentes, dormirá quase o dia todo tranquilamente. Se quiser confirmar o que eu disse, acesse: http://www.mpas.gov.br/conteudoDinamico.php?id=22
*Alexandre Lima é jornalista/ilustrador desde 1988.
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