Uma investigação feita pela polícia e pelo Ministério Público de São Paulo flagrou o uso de celulares por detentos em um presídio do Rio de Janeiro para aplicar o golpe conhecido como falso sequestro, quando o criminoso exige dinheiro para libertar um parente da vítima. Segundo o delegado que atua no caso, Wilson Negrão, os celulares são usados também para outros crimes.
"O celular na mão do preso não serve só para esse tipo de golpe e sim para o cometimento de outros crimes, como tráfico de drogas e sequestros", diz o delegado.
O trabalho começou após centenas de denúncias de vítimas do golpe. Grampeando os telefones, os investigadores registraram uma conversa entre um preso e sua namorada. Assim foi descoberto que os telefonemas partiam do presídio Evaristo de Moraes, no Rio de Janeiro, conhecido como Galpão da Quinta.
O trabalho começou após centenas de denúncias de vítimas do golpe. Grampeando os telefones, os investigadores registraram uma conversa entre um preso e sua namorada. Assim foi descoberto que os telefonemas partiam do presídio Evaristo de Moraes, no Rio de Janeiro, conhecido como Galpão da Quinta.
O presídio tem capacidade para 1,5 mil detentos e já foi alvo de várias operações da polícia para tentar retirar os celulares das celas. A quantidade de telefonemas feitos pelos presos impressiona: foram 60 mil em três meses. Isso significa uma ligação a cada dois minutos. Sem dificuldade para se comunicar, os presos transformaram as celas em escritório do crime.
O Ministério Público do Rio de Janeiro teve acesso a gravações do Sistema de Segurança do presídio. Segundo a promotoria, a qualidade das imagens não é boa, o que facilita o uso dos celulares, principalmente à noite. É nesse horário que os presos mais usam os aparelhos.
A investigação da polícia mostra que os presos transformaram o Galpão da Quinta em uma extensão da casa deles. O celular ajuda a resolver problemas familiares e funciona até como disque-sexo. O uso mais comum, no entanto, é para aplicar o golpe do falso sequestro. Os detentos chegam a simular vozes de mulheres e crianças.
Vítimas
Na maioria das vezes, os presos exigem dinheiro para recarregar os celulares usados no Galpão da Quinta. Em um dos casos, uma mulher não desconfia de nada e quase passa mal.
Há dois anos, dona Rosalina recebeu uma ligação semelhante. A senhora, de 70 anos, morava em Americana, interior de paulista, e tomava remédio para pressão. Não suportou o susto e acabou morrendo.
Em Sorocaba, Domingos Lourenço, de 62 anos, também foi vítima dos presos. "Diziam que tinha sequestrado minha irmã e colocaram uma moça para chorar igualzinho a ela", conta o filho de Domingos, Eliseu Lourenço.
A família conta que, quando Domingos iria entregar o dinheiro, a filha apareceu em casa. Só naquele momento ele descobriu a farsa. "Ele pediu para ser levado para o hospital porque estava sofrendo um infarto", conta Eliseu. Domingos morreu dois dias antes de se mudar para a casa nova. Ele era vendedor de queijos e doces.
Há dois anos, dona Rosalina recebeu uma ligação semelhante. A senhora, de 70 anos, morava em Americana, interior de paulista, e tomava remédio para pressão. Não suportou o susto e acabou morrendo.
Em Sorocaba, Domingos Lourenço, de 62 anos, também foi vítima dos presos. "Diziam que tinha sequestrado minha irmã e colocaram uma moça para chorar igualzinho a ela", conta o filho de Domingos, Eliseu Lourenço.
A família conta que, quando Domingos iria entregar o dinheiro, a filha apareceu em casa. Só naquele momento ele descobriu a farsa. "Ele pediu para ser levado para o hospital porque estava sofrendo um infarto", conta Eliseu. Domingos morreu dois dias antes de se mudar para a casa nova. Ele era vendedor de queijos e doces.
De acordo com as investigações, o telefonema que Domingos recebeu partiu do presídio carioca Galpão da Quinta. O preso foi identificado e indiciado por homicídio.
A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro preferiu não gravar entrevista. Para o promotor que coordena o combate ao crime organizado em São Paulo, José Reinaldo Carneiro, a pena para quem deixa entrar celular nas cadeias e também para quem usa o aparelho nos presídios deveria ser bem mais rigorosa.
"Nós precisamos ter uma legislação mais forte que faça com que o criminoso tenha medo de cometer o crime. Não como aqui está hoje. A entrada do celular no presídio dá pena máxima de um ano. Isso é absurdo", diz o promotor.
A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro preferiu não gravar entrevista. Para o promotor que coordena o combate ao crime organizado em São Paulo, José Reinaldo Carneiro, a pena para quem deixa entrar celular nas cadeias e também para quem usa o aparelho nos presídios deveria ser bem mais rigorosa.
"Nós precisamos ter uma legislação mais forte que faça com que o criminoso tenha medo de cometer o crime. Não como aqui está hoje. A entrada do celular no presídio dá pena máxima de um ano. Isso é absurdo", diz o promotor.
Fonte: Ecos da Notícia
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