segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Confronto entre presos de facções rivais teria sido estopim de rebelião na PCE

O governador Roberto Requião anunciou, nesta segunda-feira (18), na reunião Mãos Limpas, que determinou a instauração de inquérito para investigar se agentes penitenciários têm responsabilidade pela rebelião que causou a morte de seis detentos da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, na quinta-feira (14). Além dos cinco mortos ao fim do motim, outro não resistiu aos ferimentos, no hospital.

O confronto entre presos de facções rivais é apontado como o principal motivo da rebelião, e pode ter sido facilitado. “A informação que alguns agentes e presos deram à imprensa, no transcorrer da rebelião, é que agentes ou o pessoal interno da penitenciária, a partir do chefe da segurança, liberaram numa única ala grupos antagônicos de presos. Isso provocou o conflito e as mortes”, afirmou Requião.

O intuito seria pressionar o Governo do Estado para que atendesse as reivindicações do Sindicato dos Agentes Penitenciários. “Além de insistir pelo porte de arma, dentro e fora do presídio, eles também reivindicam mudança de escala de trabalho, em que trabalhariam oito dias por mês e folgariam 22, o que é inaceitável”, explicou Requião.

INVESTIGAÇÃO – Já na sexta-feira (15), o secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, determinou ao Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) rigorosa investigação para apurar se agentes penitenciários teriam permitido que presos de facções criminosas inimigas se enfrentassem. Segundo o secretário, a possibilidade foi analisada, durante uma reunião com o juiz corregedor dos presídios, Marcio
Tokars, no início da noite de sexta-feira (15).

“O primeiro objetivo é descobrir o que aconteceu. Temos muitos indicativos e muitas provas que demonstram que foi um comportamento absolutamente fora do normal na administração interna da PCE. Presos de facções rivais, presos inimigos, presos que não tinham contato dentro da penitenciária, naquele dia, tiveram oportunidade desse contato. As celas e as galerias foram todas abertas, misturadas propositadamente, e nós vamos descobrir quem fez isso e porquê, para que seja responsabilizado, no mínimo, por ter provocado a rebelião”, afirmou Delazari.

POLICIAIS – Delazari também esclareceu, durante a reunião desta segunda-feira (18), que a rebelião não tem nenhuma ligação com a retirada de 20 policiais militares da PCE. “Dos 82 policiais que estavam na unidade permaneceram 62, porque estudos comprovaram que o número seria suficiente. Depois da retirada dos policiais, tivemos dias de tranquilidade, o que comprova, mais uma vez, que a rebelião aconteceu por outro motivo.”

O juiz corregedor dos presídios, Marcio Tokars, também afirmou que a retirada de 20 policiais militares da guarda interna do presídio não foi o motivo da rebelião. “Tenho plena convicção que a rebelião ocorreu, porque presos rivais tiveram a oportunidade de se encontrar e resolveram mostrar sua força. Isso aconteceria independentemente da presença de mais ou menos policiais militares no local, a presença de policiais inclusive poderia ter dado ensejo a um combate armado com um grande número de vítimas”, disse.

O motim começou na noite de quinta-feira (14), depois que os presos entraram em confronto e fizeram três agentes penitenciários reféns. Dos cerca de 1.500 detentos da PCE, aproximadamente 1.200 se envolveram, de alguma forma, no conflito. A Polícia Militar pôs fim à rebelião, sem qualquer tipo de confronto e sem que nem um tiro fosse disparado, por volta das 16h de sexta-feira (15), quando os presos se renderam e libertaram os reféns ilesos.

Agentes penitenciários rebatem acusações do governo

Trabalhadores afirmam que saída dos policiais da PCE facilitou início do tumulto

A rebelião ocorrida na Penitenciária Cental do Estado (PCE), em Piraquara, na semana passada detonou uma guerra entre os agentes penitenciários e o Governo do Estado do Paraná. Um culpa o outro pelo ocorrido na quinta-feira passada (14), quando seis presos acabaram mortos e três agentes foram feitos reféns por várias horas no presídio.

Depois do governo do Paraná ter soltado nota por meio da Agência Estadual de Notícias sobre a rebelião, afirmando que os agentes penitenciários teriam facilitado o motim, o sindicato da categoria rapidamente reagiu aos comentários.

Em nota enviada à imprensa, o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen) afirmam a rebelião foi o resultado da retirada abrupta da Polícia Militar do interior da unidade penal. "Essa decisão, nada técnica, rompeu uma parceria, entre as duas instituições, que vinha dando certa a mais de oito anos, quando a PM assumiu postos de trabalho dentro do presídio logo após a última rebelião em 2001. A manutenção da PM na PCE tinha como principal objetivo dar mais segurança para o trabalho dos Agentes e evitar eventos como a rebelião que ocorreu. O sindicato dos Agentes Penitenciários, por sua vez, não poupou esforços para alertar as autoridades penitenciárias sobre os riscos da retirada da PM da penitenciária", diz a nota.

Já o governador do Paraná, Roberto Requião, garante que o confronto entre presos de facções rivais é apontado como o principal motivo da rebelião, e pode ter sido facilitado. “A informação que alguns agentes e presos deram à imprensa, no transcorrer da rebelião, é que agentes ou o pessoal interno da penitenciária, a partir do chefe da segurança, liberaram numa única ala grupos antagônicos de presos. Isso provocou o conflito e as mortes”, afirmou Requião.

Sobre essa insinuação, os agentes dizem imaginar que "os homens do governo queiram atribuir a culpa do ocorrido aos Agentes Penitenciários, o que seria presumível se o fizessem, afinal de contas, é uma prática já bastante conhecida no sistema penitenciário essa mania de culpar a categoria de trabalhadores pelas mazelas dos presídios paranaenses para tirar de si o foco da responsabilidade", diz a nota do Sindicato.

Fonte: Jornal Bemparaná

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